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segunda-feira, 30 de maio de 2016

MM Artigos Imperdíveis - "2017 pode ser o ano de Rossi?" - de Mat Oxley, para MotorSport Magazine...

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A temporada 2016 apenas começou, mas 2017 já parece muito bom para VR

Então a "dança das cadeiras" (silly season) acabou. E não estamos nem em junho. Agora que todos os melhores candidatos ao título ( à exceção de um) já assinaram seus contratos para o próximo ano, parece o tempo certo para escrever uma prévia de 2017. Em maio de 2016.

No ano que vem o balanço do poder na MotoGP vai oscilar mais dramaticamente do que já ocorreu desde a chegada de Marc Márquez, quatro anos atrás. O que isso significa é que 2017 pode ser o ano da melhor chance de título para Valentino Rossi desde que sua tentativa de 2010 foi embora em Mugello; embora obviamente eu não esteja sugerindo que ele já esteja fora da caça ao título em 2016.

A mudança de Jorge Lorenzo para a Ducati é o maior fator a influenciar o cenário de 2017. A técnica de pilotagem doce, neutra de Lorenzo, anda junto com a maneabilidade doce e neutra da Yamaha M1, como peixe e batatas fritas (Nota MM: prato-símbolo da culinária britânica, algo como o arroz e feijão do Brasil), então é um grande negócio que o campeão reinante e atual líder do campeonato não vá pilotar a moto que lhe trouxe tanto sucesso.

Lorenzo certamente irá ganhar corridas com a Ducati, mas mesmo com Gigi Dall'Igna, seu antigo guru da Aprilia,  e Casey Stoner a seu lado, a Desmodedici vai fazer o que ele quiser em algumas pistas, em outras não. O V4 italiano é uma máquina de velocidade em curva como jamais foi - o que vai servir a Lorenzo - mas continua sendo um pouco imprecisa. Vejam em Jerez, onde o ritmo da Ducati mais veloz foi 0,99 segundos por volta mais lento que o do vencedor Rossi. Assim, Lorenzo provavelmente vai ter dificuldades em reproduzir a consistência que tem sido a vital pedra de toque dos seus três títulos.

Maverick Viñales vai herdar e adotar a amistosa Yamaha de Lorenzo e com certeza irá ganhar corridas na M1, que se comporta de maneira similar à da Suzuki GSX-RR que ele pilota agora. Mas em algumas pistas ele não terá  experiência na moto para ajustá-la até o nono grau, e sem isso ele não vencerá. 

Enquanto isso, Rossi irá para 2017 com uma moto que ele provavelmente conhece tão bem quanto seu pai e sua mãe. A próxima temporada será a décima-segunda na M1, a moto que ele ajudou a tornar vencedora muitos anos atrás. Ele sabe tudo que há para saber sobre a moto: como ela se comporta em todas as pistas, como ela age na pista molhada e seca, como ela anda no calor e no frio, que tipo de acerto ela gosta para esse tipo de curva e que tipo de acerto ela prefere para aquele tipo de curva.

A maioria dos que estão perto dele na garagem tem trabalhado com ele por uma década ou mais, então eles sabem como tirar o melhor dele e ele sabe como tirar o melhor deles.

Ele terá 38 anos de idade ano que vem, mas ele continua usando o elixir da juventude, como um Peter Pan movido a petróleo. Alex Briggs, seu mecânico de longa data (que está com VR desde novembro de 1999), acredita que Rossi descobriu "a fonte da juventude ao correr com os garotos no seu rancho."

Rossi sabe que nada chega facilmente: a cada ano ele deve treinar mais para manter seu corpo explodindo bem em todos os cilindros. Ele também contratou Luca Cadalora para ajudá-lo a conseguir mais alguns milésimos de segundo a cada volta, e terminou com sua namorada de longa data para focar inteiramente na única coisa que ele quer mais do que qualquer outra: o décimo título mundial.

Se Lorenzo não conseguir deter Rossi de realizar seu sonho no ano que vem, quem mais poderá fazê-lo? Marc Márquez, é claro.

Tanto quanto o público de Mugello queria uma vitória de Rossi no domingo, ele ficou entretido demais com o duelo de tirar o fôlego entre Lorenzo e Márquez para reclamar muito. Inevitavelmente houve vaias e apupos,  mas qualquer um que não tenha ficado impressionado com o ataque de Márquez na última volta não tem amor às corridas.

Não há dúvidas de que Márquez tem montanhas de talento e rios furiosos de determinação. O que ele precisa da Honda - onde certamente irá permanecer  em 2017 - é uma moto que permita que ele faça o que fez em 2014.

Ninguém,  exceto Shuhei Nakamoto e seus engenheiros,  sabe bem que falta na RCV. No ano passado o motor não estava muito bom,  e este ano ele não está muito bom, mas essa não é a história toda. 

Márquez perdeu a corrida de domingo nos metros finais, possivelmente porque sua RCV levantou a roda dianteira quando ele passou no topo da colina antes da linha de chegada. O controle anti-empinadas da eletrônica unficada deste ano é o mais básico de todas as funções de ajuda ao piloto, possivelmente porque não é considerado um item de segurança como o controle de tração, de empinada em largada  e torque. A HRC - única fábrica para a qual o sistema da Magneti Marelli é completamente novo - está demorando mais do que as outras para acertar seus dados com a nova programação. Então talvez o controle anti-empinadas tenha atuado em excesso - o programa analisa todos os fatores e funções da máquina a cada milésimo de segundo aproximadamente - e ordenado redução excessiva na entrega de torque, o que fechou  uma fração da borboleta de aceleração, fazendo Márquez perder velocidade vital.

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Talvez um par de asas maiores pudesse ter resolvido a empinada antes da eletrônica cortar, mas a força para baixo (downforce)  criada pelas asas iria aumentar o arrasto, então Márquez usou as asas menores em Mugello para aumentar sua velocidade de ponta.

O motor da Honda RCV é provavelmente o mais agressivo de todos, e isso é uma coisa maravilhosa, pelo menos para nós, assistindo fora da pista. Não há imagem - ou som - melhor na MotoGP do que Márquez girando o acelerador e pilotanto aquele touro selvagem em uma saída de curva. E não houve imagem melhor do que o jovem espanhol metendo a mão com tudo na saída dos esses Biondetti pela última vez no domingo, sua RCV derrapando de traseira, com a suspensão trepidando inteira para passar Lorenzo como um foguete.

Márquez é espetacular nas curvas: ele conta que quando freia tudo em linha reta gosta de travar o pneu traseiro para não perder a dianteira! Isso é também uma coisa linda de se ver.

O que a Honda irá fazer para 2017? No momento, ela é a única fábrica que não usa a configuração de queima big-bang, o que explica porque a RCV tem aquele gemido de arrrepiar a espinha, enquanto todas as outras motos saem das curvas como mega-rápidas motos de rua.

Motores big-bang geram potência amistosa e melhor tração, usualmente às custas de potência de pico. A HRC odeia copiar, mas se ela for junto com as outras e construir  uma RCV big-bang, não estará copiando ninguém, porque foi a HRC que começou a onda do conceito big-bang, em 1992, na NSR500 dois-tempos.

Se a HRC domar seu motor para 2017, Rossi terá uma luta dura nas mãos e eu sentirei falta da imagem e som de Marc Márquez pilotando a besta...

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Mat Oxley para MotorSport Magazine
Para ler este artigo no original em inglês, clique aqui

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Opinião MM: Muita gente sabe que mecânica não é o meu forte, fiz clássico no colégio, mas vou tentar explicar a grosso modo as diferenças de configuração dos motres da MotoGP atual. Nos motores quatro-tempos, o giro completo do virabrequim é de 720 graus, compreendendo os ciclos de alimentação, compressão, explosão e exaustão. Os motores screamers (algo como "gemedores") terão um cilindro  explodindo a cada 180 graus de giro, completando os quatro ciclos (tempos) uniformemente.

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Já nos motores big-bang, a ordem de queima é desigual, dois cilindros explodem juntos (daí o big-bang) em intervalos curtos de 90 graus e a seguir entram em uma fase de descanso de 630 graus, na qual os cilindros que já explodiram não são  alimentados e comprimidos, o que gera um maior equiilíbrio nas forças transmitidas à roda traseira, possibilitando mais tração.

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A Yamaha abandonou os "gemedores" em 2003, ano da acidentada temporada de Alex Barros na equipe oficial, e a adoção da configuração big-bang, desenvolvida pelo genial engenheiro Masao Furusawa,  foi aprovada pelo novo integrante da equipe que até então não vencia desde 1992 (com Wayne Rainey); um certo... Valentino Rossi!

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Quem presta atenção no "hino dos motores", nas câmeras de bordo e - muito melhor - já viu e ouviu de perto, sabe que o ronco das Hondas é distinto, agudo, inigualável. Mas difícil de controlar. Que o digam os pilotos das equipes independentes, que têm ido ao chão com alarmante frequência.

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O estado das coisas parece convergir para uma mudança na configuração da RCV 2017. E talvez por conta disso, Marc Márquez  ainda não tenha renovado seu contrato. Ele quer ter a última palavra no desenvolvimento da moto. Nakamoto e a HRC relutam em confira esta tarefa complexa a um jovem de 23 anos.

Irão capitular; afinal, é ele quem monta no touro...

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